Câncer de bexiga (CaB)

O que é?

O câncer de bexiga (CaB) se apresenta como uma lesão expansiva. Em 90% dos casos, as neoplasias de bexiga se apresentam como carcinomas uroteliais. Assim, 70% dos casos representam o carcinoma não-músculo invasivo (pTa, pT1 e CIS) e, nos demais, o carcinoma músculo invasivo (pT2, pT3 e pT4).

Sintomas do câncer de bexiga

O principal sintoma do CaB é o sangramento na urina – hematúria. Geralmente, a hematúria apresenta coágulos de aparecimento intermitente e indolor, porém, é importante ressaltar que seu desaparecimento não afasta a possibilidade do CaB.

Porém, outros sintomas também podem se associam, como a presença de infecção do trato urinário ou a obstrução urinária pelo crescimento prostático. Nos homens, o aumento da próstata pode obstruir a uretra que passa por dentro dela. Por consequência, esta obstrução deixa o jato miccional enfraquecido, com dificuldade para iniciar a micção, jato interrompido e esvaziamento vesical incompleto. Assim, nesses casos, é comum que o paciente se levante à noite para urinar. Portanto, o hábito urinário vai interferir muito no seu sono. Isso, não é nada bom para sua saúde. 

Pacientes com sintomas urinários irritativos (urgência urinária imperiosa por dias), que não apresentam infecção do trato urinário, podem estar com carcinoma in situ (CIS). Este diagnóstico é extremamente importante, pois esta lesão pode evoluir para carcinoma invasivo da bexiga. Por  isso, os pacientes com câncer músculo-invasivo podem evoluir com doença à distância (metástase). Portanto, estes pacientes apresentam sintomas decorrentes, como dor pelo efeito expansivo e sintomas gerais sistêmicos, como perda de apetite, de peso e anemia.

Fatores de risco

O mais importante é o tabagismo, que ocorre em 70% dos casos – fumantes apresentam um risco entre 3 e 4 vezes maior que não-fumantes. Este risco aumenta com o número de cigarros consumidos, duração do tabagismo e grau de inalação. Além disso, os demais fatores de risco se associam às atividades ocupacionais que exigem o contato com aminas aromáticas, anilinas, corantes, borracha, solventes, derivados do petróleo. Mais ainda, o uso de drogas como a fenacetina, ciclofosfamida e radioterapia.

A doença também ocorre em portadores de infecção do trato urinário crônica, calculose ou corpo estranho vesical, cistite por Schistosoma hematobium, doenças congênitas como persistência do úraco e extrofia vesical, tumores em pelve e ureter. Cada tipo de tumor de bexiga, com seus diferentes estadios apresentam mutações específicas. Aliás, as mais frequentes ocorrem em certos genes, como: PD-L1, FGFR, p53, RB1, PTEN e em genes de reparo. Portanto, o risco aumenta significativamente nos casos em que existe a associação de múltiplos fatores.

Diagnóstico

O diagnóstico geralmente acontece após o aparecimento de hematúria. Todavia, deve-se realizar exames de prevenção nos pacientes que mantém contato com substâncias cancerígenas ao urotélio. Os exames de imagem diagnosticam a lesão vesical, como a ultrassonografia, tomografia e ressonância. Estes exames avaliam a extensão da doença loco-regional e pelo corpo. Assim, chama-se a extensão da doença pelo corpo de estadiamento da doença. O diagnóstico histológico é confirmado pela cistoscopia com biopsia do tumor, do urotélio suspeito ou pela ressecção endoscópica do tumor.

Tratamento do câncer de bexiga

Os pacientes portadores de tumor não-músculo invasivo são tratados pela ressecção endoscópica do tumor. Nesta cirurgia utiliza-se um aparelho endoscópico para atingir a bexiga pela via uretral e remover o tumor com uma alça que o corta em pequenos fragmentos. É a chamada ressecção endoscópica da próstata. A vantagem desta cirurgia é que, praticamente, não causa complicações. Portanto, conforme a história clínica e o resultado anatomopatológico. Assim, se não confirmada a invasão do músculo da bexiga, o paciente é considerado portador de doença não-músculo invasiva. Portanto, poderá receber tratamento intravesical, com quimioterápico ou imunoterápico (BCG liofilizado).

Os portadores de tumor músculo-invasivo se tratam pela ressecção endoscópica para confirmar o diagnóstico histológico e a invasão muscular. Conforme a extensão da doença er estudos dos genes alterados, estes pacientes realizam quimioterapia neoadjuvante (pré-operatória) associada a radioterapia conformacional ou cistectomia radical (cirurgia em que a bexiga e órgãos vizinhos são ressecados em monobloco) com linfadenectomia pélvica estendida.

A reconstrução do trato urinário pode ser feita por derivação incontinente, Cirurgia de Bricker, (bolsa de urostomia definitiva colocada no abdômen) ou pela construção de reservatório ortotópico, a neobexiga ileal. Alguns pacientes recebem quimioterapia adjuvante (pós-operatória).

Prevenção do câncer de bexiga

A prevenção se realiza com monitorização dos pacientes de alto risco pelo contato com substâncias potencialmente cancerígenas ao urotélio. Portando, estes trabalhadores devem usar proteção para contato com estas substâncias, tanto para a pele como para o trato respiratório e digestivo. O tabagismo é estimulador de alterações uroteliais, inclusive as iniciadoras da neoplasia.

Pacientes com conhecidos fatores de risco devem urinar livremente e sem resíduo pós-miccional. A urina contém os carcinógenos (substância que causas as mutações celulares) que estimulam as alterações crônicas urotelias que predispõe o início da neoplasia. Portanto, deve-se combater o LUTS (sintomas dom trato urinário inferior), seja com medicamentos ou cirurgia da próstata. Assim, não se permite a presença de urina residual após urinar e se diagnosticada deve-se resolve-la. Concluindo, a urina estimula as mudanças no urotélio que provocam o câncer.

Medidas alimentares básicas

Os pacientes portadores de CaB devem ser orientados a beber muito líquido para urinarem com frequência (menos contato do urotélio com agentes carcinógenos). Além disso, deve-se evitar comidas condimentadas, enlatados e de preferência, consumir alimentos sem agrotóxicos. Também devem manter uma dieta balanceada, com muitas frutas e vegetais verdes, baixo teor de gordura e hipocalórica. Mais ainda, devem ingerir doses suplementares de vitaminas, chá verde e alimentos que contenham lactobacilos.

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Referência

https://www.auanet.org/guidelines/bladder-cancer-non-muscle-invasive-guideline

https://www.auanet.org/guidelines/bladder-cancer-non-metastatic-muscle-invasive-guidelineAliás, Não