O esfíncter artificial está indicado nos casos mais graves de incontinência urinária. É um dispositivo colocado ao redor da uretra para impedir a perda de urina. Conheça como é possível se livrar desta situação extremamente constrangedora.

Como ocorre a perda de urina?

Incontinência urinária é a perda de urina secundária à insuficiência da resistência do esfíncter uretral. Ele é constituído por músculos que mantém a continência urinária. A perda acontece ao esforço físico, do pequeno até intenso. Desta maneira, o esforço aumenta a pressão abdominal, que por sua vez é transmitida a bexiga. Quando o limite de fechamento da uretra é ultrapassado, há  incontinência. Assim, a perda de urina pode ser de gotas até de grande volume.

Um dos maiores incômodos que uma pessoa pode viver é a incontinência urinária. Por consequência, traz insegurança, vergonha e isolamento social pelo constante odor urêmico, entre os familiares e dentro da comunidade. Por isso, a situação exige constante atenção para troca das roupas íntimas, vestuário e roupas de cama. Muitas destas pessoas passam a usar forros ou fraldas descartáveis de dia e/ou de noite. Portanto, a pessoa viver sob uma vigília constante para impedir a perda de urina.

Esfíncter artificial e incontinência urinária
Esfíncter artificial e incontinência urinária

As idas ao banheiro por vezes impedem o sono profundo. Desta maneira, a pessoa está sempre cansada, prejudicando o desempenho das suas atividades rotineiras e além disso, das intelectuais.

Ao ajudar estas pessoas causamos uma mudança em suas vidas e um renascimento para se viver a liberdade.

Incontinência urinária severa

O assunto abordado aqui é sobre o tratamento da incontinência urinária severa. Neste cenário, o paciente perde urinária aos mínimos esforços. Pode ser por cruzar as pernas, deambular, ao andar, subir escada e etc.

Na maioria dos casos masculinos é causada em pacientes submetidos a prostatectomia radical para tratar o câncer de próstata. Após esta cirurgia pode ocorrer até 8,4% de incontinência urinária em pacientes avaliados até 18 meses. Nos submetidos a cirurgia endoscópica da próstata é de 0,5%. Entretanto, o uso de forro pós prostatectomia radical pode chegar até 24%. A incontinência urinária está relacionado com fatores anatômicos, a técnica cirúrgica e a experiência do cirurgião. Geralmente ocorre lesão do esfíncter urinário voluntário.

Exames para diagnóstico da incontinência urinária

Pode ser avaliada pelo estudo urodinâmico e radioscopia. Este último é exame radiológico. Por uso do contraste se vê a micção no momento que está acontecendo. Por outro lado, o exame urodinâmico estuda a fisiologia miccional por gráficos de pressão, do seu enchimento até o esvaziamento da bexiga.

Esfíncter voluntário e involuntário

Nós, homens e mulheres, temos dois esfíncteres: um involuntário e outro voluntário.

As pessoas saldáveis mantém continência urinária pela ação do esfíncter involuntário. É feita por músculos localizados dentro da uretra prostática nos homens e até o terço médio nas mulheres. Portanto, fibras nervosas sob controle involuntário mantém a continência urinária. Desta maneira, não se precisa pensar para se manter continente durante o dia ou a noite.

Quando a bexiga está cheia, outro sistema nos coloca em alerta referindo que é tempo para esvaziar a bexiga. Neste momento se usa o mecanismo voluntário. Desta maneira, a pessoa passa a ter controle sobre o esvaziamento vesical. Os enfincteres são relaxados, abrindo a uretra e permitindo a saída da urina.

O envelhecimento pode causar incontinência urinária, pela perda ou diminuição do tônus muscular e neurológico que ocorrem progressivamente. Todavia, algumas doenças como diabetes e distúrbio metabólico podem predispor para o início precoce da doença.

O que é incontinência urinária severa?

Na incontinência urinária severa, o paciente perde urina aos pequenos esforços, quando de pé ou deitado. Portanto, o dano esfincteriano é maior. Por isso, raramente pode melhorado sem tratamento cirúrgico. Por outro lado, pacientes com dano no músculo detrusor da bexiga não são bons candidatos ao implante do esfíncter artificial.

O objetivo do  tratamento é deixar o paciente sem perda aos esforços, seco ou usar um forro por dia. Por isso, as medidas clínicas e a fisioterapia para fortalecer os músculos do períneo e do esfíncter podem melhorar. Porém, raramente é completa e duradoura.

Quando implantar o esfíncter artificial?

A incontinência urinária que ocorre após uma cirurgia é investiga com exames após 6 meses da sua realização. Neste período pode ocorrer a melhora com medicamentosas e com fisioterapia. Assim, se indica o tratamento definitivo no final do primeiro ano, depois do seu diagnóstico.

O paciente não pode ter infecção do trato urinário antes da cirurgia. Há um preparo da pele para redução da sua flora. Se ocorrer infecção, na sua maioria causa perda do esfíncter artificial.

O paciente deve apresentar boa condição clínica para que possa manipular o balão controlador do esfíncter colocado na bolsa testicular. Portanto, o paciente tem que ter boa destreza e razoável nível intelectual.

O tratamento padrão ouro para incontinência severa é o implante do esfíncter urinário artificial.

De que é constituído o esfíncter?

Este dispositivo é feito de silicone e tem três componentes :

O sistema é um vaso comunicante que é preenchido com soro fisiológico. O líquido no balão abdominal se transfere para o manguito uretral, fechando a uretra e impedindo a saída de urina. Quando o paciente sente vontade de urinar, ele pressiona a bomba escrotal que liberta o manquito uretral. Desta maneira, faz o fluido volta para o balão abdominal e se abre a uretra. Isto permite que o paciente urine por um período de 1 minuto quando se fecha a uretra.

A cirurgia se realiza com 3 cortes para posicionar partes destes componentes. Porém, prefiro fazer por uma incisão única feita na rafe escrotal de 2 cm. Por isso, causa menos dor.

Resultados da cirurgia

Os resultados bons desta técnica cirúrgica acontecem quando o paciente fica seco ou usa um forro ao dia. Em 5 anos pode atingir 70% a 90% de continência em várias séries.

A revisão cirúrgica pode chegar ao 12%. As principais complicações do implante do esfíncter artificial são:

Complicações do esfíncter artificial

As complicações que necessitam de re-operação incluem infecção (0,5-10,6%) e erosão uretral (2,9-12%). A taxa em 5 anos livre de re-operação varia de 50 a 79%. Em 10 anos, a falha mecânica é 64%.

Muito cuidado ao passar uma sonda uretral. Neste casos se  deve desativar o esfíncter  temporariamente pelo urologista ou pessoa treinada.

A principal falha do esfíncter artificial está relacionada com a atrofia uretral no local do manquito que realiza a constrição uretral. Por isso, a uretra não consegue mais fechar sua luz completamente. A satisfação do paciente é superior a 80% na maioria das séries, apesar das complicações conhecidas.

Resolver este problema é fundamental para que o paciente se sinta bem e recupere o prazer de viver.

Caso difícil

Todos casos especiais devem ser tratados com consentimento informado do paciente. Deve-se  relatar que a continência total nem sempre acontece após implante do esfíncter artificial. Porém, os casos mais difíceis são de pacientes irradiados após a prostatectomia radical. Por que estes pacientes também têm sua uretra irradiada e portanto, mais isquêmica. Estes pacientes têm pelo menos o dobro de complicações que os não-irradiados.

Contudo, caso você queira saber mais sobre esta e outras doenças do trato gênito-urinário acesse a nossa área de conteúdo para pacientes para entender e ganhar conhecimentos. São mais de 145 artigos sobre diversos assuntos urológicos disponíveis para sua leitura. A cultura sempre faz a diferença. Você vai se surpreender!

Referência

https://en.wikipedia.org/wiki/Artificial_urinary_sphincter