A hormonioterapia intermitente é um tratamento usado para controle do câncer de próstata avançado. Assim, o paciente fica sem tratamento por algum tempo e nesta fase ocorre aumento da testosterona. Com seu aumento há melhora da disposição geral, do sono, da qualidade da ereção, da fraqueza e adinamia comum aos pacientes que fazem uso da terapia anti-androgênica. Assim, com a parada da terapia hormonal ocorre aumento lento da testosterona que acarreta da mesma maneira aumento do PSA. O tratamento intermitente trata o câncer de próstata e melhora a recuperação da testosterona na fase sem uso do hormônio. Saiba mais sobre suas vantagens.

Pesquisadores investigaram se a privação androgênica intermitente pode melhorar a eficácia da terapia hormonal para câncer de próstata. Isto foi testado para ver se ocorreria melhora dos efeitos colaterais da terapia anti-androgênica, e se possível, retardando o desenvolvimento de resistência hormonal. Com a privação androgênica intermitente, a terapia hormonal é administrada em ciclos com intervalos sem drogas entre as administrações de anti-andrógenos. Um benefício potencial adicional dessa abordagem é que a interrupção temporária dos efeitos colaterais da terapia hormonal para melhorar a qualidade de vida. Isto ocorre porque nesta fase há aumento lento mas progressivo dos níveis de testosterona.

hormonioterapia intermitente
hormonioterapia intermitente

Este artigo foi traduzido do National Câncer Institute, USA, com pequenas modificações para melhor entendimento do pesquisar leigo das doenças oncológicas. Além disso, algumas considerações clínicas práticas vista no dia-a-dia da hormonioterapia foram descritas. Deste modo, as bases do que está escrito são referendadas pelas sociedades brasileira, americana e europeia de urologia, assim como a sociedade americana de oncologia.

Estudos randomizados com hormonioterapia intermitente: com droga ativa versus placebo

Um ensaio clínico randomizado comparando hormonioterapia intermitente com terapia contínua em pacientes com PSA crescente após tratamento local. Ele constatou que a terapia anti-androgênica intermitente foi “não inferior” à terapia contínua em relação à sobrevida global e portanto, se associa a menos efeitos colaterais. Em contraste, um ensaio clínico randomizado de terapia anti-androgênica intermitente versus contínua em homens com câncer de próstata sensível a hormônio metastático não descartou um risco 20% maior de morte com terapia intermitente. Portanto, a terapia intermitente não era “não-inferior”. Deste modo, a análise de ensaios clínicos que compararam hormonioterapia intermitente e contínua em pacientes com câncer de próstata metastático ou recorrente descobriu que, em geral, o tratamento intermitente melhorou alguns efeitos colaterais físicos e sexuais e por isso, não foi pior do que o tratamento contínuo em relação à sobrevida global.

Melhor resposta da hormonioterapia para os pacientes com câncer de próstata avançado

A terapia anti-androgênica pode ser uma opção para pacientes com baixa carga de metástases e uma resposta completa bioquímica à indução da terapia. Os pacientes bons respondedores são os que o PSA rapidamente caem para menos de 4 ng/mL. Portanto, a descontinuação da terapia anti-androgênica é improvável que tenha consequências adversas e alguns pacientes experimentarão um prolongado intervalo de tratamento. No entanto, se os níveis de PSA aumentam rapidamente, então a hormonioterapia contínua deve ser iniciada e mantida.

A variação da resposta da queda do PSA está relacionada com as características histológicas e com a extensão da neoplasia no corpo. Assim, pacientes com maior componente bem diferenciado costumam apresentar melhor respostas. Os pacientes com escore Gleason maior que 7 são normalmente os tumores que crescem com maior independência do nível de testosterona. Além disso, os pacientes que têm testosterona alta no início do tratamento geralmente sentem mais a queda súbita da testosterona com a terapia anti-androgênca.

Quais são os efeitos colaterais da hormonioterapia para câncer de próstata?

A testosterona age em muitos outros órgãos além da próstata. A terapia anti-androgênica pode ter uma ampla gama de efeitos colaterais, incluindo:

Efeitos dos remédios usados na terapia anti-androgênica

Os inibidores da síntese de andrógenos podem causar diarreia, coceira e erupções cutâneas, fadiga, disfunção erétil, por uso prolongado e potencialmente, danos ao fígado. Os estrogênios evitam a perda óssea observada em outros tipos de terapia hormonal. Contudo, aumentam o risco de efeitos colaterais cardiovasculares, incluindo ataques cardíacos e derrames. Devido a esses efeitos colaterais, raramente se usam estrogênios como terapia hormonal para o câncer de próstata.

A terapia hormonal adjuvante após a radioterapia piora alguns efeitos adversos, particularmente os efeitos colaterais sexuais e a vitalidade. Muitos dos efeitos colaterais da terapia hormonal se tornam mais fortes quanto mais tempo for instituída a terapia hormonal. A hormonioterapia intermitente pode amenizar estas complicações, daí sua indicação para que muitos uro-oncologistas procurem empregá-la.

O que se faz para reduzir os efeitos colaterais da terapia hormonal para câncer de próstata?

Para homens que perdem massa óssea durante a terapia hormonal a longo prazo podem ser prescritos remédios para retardar ou reverter essa perda. O ácido zoledrónico e alendronato são drogas que pertencem a uma classe de drogas chamadas bisfosfonatos. Assim, são utilizados para aumentar a densidade mineral óssea em homens que estão sendo submetidos a terapia hormonal. Uma nova droga, o denosumab, aumenta a massa óssea através de um mecanismo diferente. No entanto, os medicamentos para tratar a perda óssea estão associados a raros efeitos colaterais. Contudo, quando ocorre é grave, como a osteonecrose da mandíbula.

O exercício pode ajudar a reduzir alguns dos efeitos colaterais da terapia hormonal, incluindo perda óssea, muscular, ganho de peso, fadiga e resistência à insulina. Por isso, vários ensaios clínicos estão examinando se o exercício pode reverter ou prevenir os efeitos colaterais da terapia hormonal.

Efeitos para a função sexual. Melhora com a hormonioterapia intermitente

Os efeitos colaterais sexuais da terapia hormonal para câncer de próstata podem ser alguns dos mais difíceis de lidar. Os medicamentos para a disfunção erétil, como o sildenafil (Viagra®), não costumam funcionar para homens submetidos à terapia hormonal. Estes medicamentos não tratam da perda da libido (desejo sexual) associada à falta de andrógenos. Além disso, a testosterona é importante para manutenção da fisiologia normal do corpo cavernoso. Estes pacientes comumente relatam que está ocorrendo diminuição do tamanho do pênis, assim como a perda da qualidade da ereção. Assim sendo, a fibrose progressiva do corpo cavernoso. A hormonioterapia intermitente pode abrandar os efeitos colaterais da disfunção eréctil.

Quando a maioria dos homens param de usar a terapia hormonal, os efeitos colaterais sexuais causados por baixos níveis de andrógenos podem desaparecer. No entanto, se um homem estiver fazendo terapia hormonal por muitos anos, esses efeitos colaterais podem não desaparecer. Algumas mudanças físicas que se desenvolveram com o tempo, como a perda óssea, permanecerão após o término da terapia hormonal.

Os pacientes devem informar ao médico sobre todos os medicamentos que estão tomando, incluindo medicamentos fitoterápicos vendidos sem receita médica. Alguns deles interagem com enzimas que metabolizam as drogas no corpo, o que pode afetar negativamente a terapia hormonal

Tratamentos de câncer podem causar problemas sexuais em homens

Muitos problemas que afetam a atividade sexual durante o tratamento são temporários e melhoram quando o tratamento termina. Outros efeitos secundários podem ocorrer a longo prazo ou começar após o tratamento. Contudo, a hormonioterapia intermitente pode ser uma opção para alguns pacientes portadores de câncer de próstata avançado.

Efeitos colaterais com base no tratamento:

Conhecer a evolução natural da doença é fundamental para a segurança do uso da hormonioterapia intermitente. Por consequência, o tratamento pode ser seguro e bem conduzido. As vezes, nos períodos sem tratamento, os pacientes podem apresentar menos efeitos colaterais comuns da hormonioterapia.

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Referência

https://www.cancer.gov/types/prostate/prostate-hormone-therapy-fact-sheet

https://www.nccn.org/patients/guidelines/prostate/2/index.html