A hormonioterapia para câncer de próstata se indica quando o câncer está localmente avançado e/ou avançado. No primeiro caso, a doença já ultrapassou os limites da cápsula prostática, podendo atingir as vesículas seminais ou órgãos vizinhos como a musculatura dos elevadores do ânus, esfíncter uretral ou a bexiga e ou reto. Isto é a chamada invasão locoregional da doença. Além disso, nesses casos pode ocorrer comprometimentos dos linfonodos pélvicos. É o estadiamento do câncer, ou seja, a extensão da doença no corpo, tanto local como a distância. Esta última causada pelas metástases do câncer da próstata. Realmente vale entender a doença nesta fase para você se ajudar ao máximo.

Já no câncer de próstata avançado, a doença compromete os linfonodos acima da pelve, ou seja, nos linfonodos abdominais, causando metástases: ósseas ou até mesmo vísceras, como fígado e pulmão. O comprometimento das vísceras geralmente é visto quando o paciente apresenta doença hormônio resistente. Esta é a fase mais avançada da doença. Nesta fase pode-se indicar quimioterapia.

Este artigo foi traduzido do National Câncer Institute, USA, com pequenas modificações para melhor entendimento do pesquisar leigo das doenças oncológicas. As bases do que está escrito são referendadas pelas sociedades brasileira, americana e europeia de urologia, assim como a sociedade americana de oncologia.

hormonioterapia para câncer de próstata

A adenohipófise, a glândula endócrina central

Várias glândula produzem Hormônios no nosso corpo e funcionam com sinais químicos. Eles afetam as ações das células e tecidos em vários locais do corpo, muitas vezes atingindo seus alvos, viajando através da corrente sanguínea.

A glândula endócrina principal e que comanda as outras está localizada na base do crânio, é a adenohipófise. Ela controla a tireóide, adrenal ou supra-renal, testículos nos homens e ovários na mulher. Além disso, libera o hormônio do crescimento, agindo no fígado, tecido adiposo, no metabolismo de lípides e carbohidratos, prolactina, agindo nos ovários e glândulas mamárias e a endorfina, que inibe a percepção da dor. Por sua vez, quem comanda a adenohipófise é o hipotálamo, que libera hormônios liberadores. Assim, estimulas a produção específicas que agem em células produtoras destes hormônios. Os fatores liberadores são secretados pelo sistema porta venoso local.

Quais são os hormônios sexuais masculinos?

Andrógenos, hormônios sexuais masculinos, são uma classe de hormônios que controlam o desenvolvimento e a manutenção das características masculinas. Testosterona e diidrotestosterona (DHT) são os andrógenos mais abundantes nos homens. A DHT é três vezes mais potente que a testosterona, que surge dentro das células alvo pela sua transformação por uma enzima específica, a 5-alfa redutase. Quase toda a testosterona se produz nos testículos, em torno de 95% e o restante produzido pelas glândulas supra-renais. Além disso, algumas células de câncer de próstata adquirem a capacidade de produzir testosterona a partir do colesterol.

Como os hormônios estimulam o crescimento do câncer de próstata?

Os andrógenos são necessários para o crescimento normal e para o funcionamento adequado da próstata. Ela é uma glândula do sistema reprodutor masculino que ajuda a produzir o sêmen. Os andrógenos também são necessários para o crescimento do câncer de próstata.

Os andrógenos promovem o crescimento de células normais e cancerosas da próstata. Portanto, a testosterona se liga ao receptor de androgênio, uma proteína que é expressa nas células da próstata. Uma vez ativado, o receptor de androgênio estimula a expressão de genes específicos que causam o crescimento das células da próstata.

No início de seu desenvolvimento, os cânceres de próstata precisam de níveis relativamente altos de andrógenos para crescer. Tais cânceres de próstata são chamados de sensíveis à castração, dependentes de andrógenos ou sensíveis a andrógenos. O tratamento diminui os níveis de andrógenos ou bloqueiam a atividade androgênica podem inibir seu crescimento.

A evolução para a resistência do bloqueio da testosterona

Os cânceres de próstata tratados com medicamentos ou cirurgias que bloqueiam os andrógenos. Todavia, podem eventualmente tornam-se resistentes à castração. Isto significa que eles podem continuar a crescer mesmo quando os níveis de andrógenos são extremamente baixos ou indetectáveis.

No passado, esses tumores também eram chamados de resistentes a hormônios, independentes de andrógenos ou refratários a hormônios. No entanto, esses termos não são usados ​​agora porque os tumores que se tornaram resistentes à castração podem responder a um ou mais dos mais novos medicamentos anti-androgênicos.

Hormonioterapia para câncer de próstata avançado, tipos?

A terapia hormonal para câncer de próstata pode bloquear a produção ou uso de andrógenos. Os tratamentos atualmente disponíveis podem fazê-lo de várias maneiras:

Hormonioterapia para câncer de próstata: Tratamentos que reduzem a testosterona

Os tratamentos que reduzem a produção de testosterona pelos testículos são os mais utilizadas no câncer de próstata avançado. Assim, é o primeiro tipo de terapia hormonal que a maioria dos homens recebem. Esta forma de terapia hormonal é também chamada de terapia de privação androgênica e inclui:

Orquiectomia, um procedimento cirúrgico para remover um ou ambos os testículos. A remoção dos testículos pode reduzir o nível de testosterona no sangue em 90 a 95%. Esse tipo de tratamento, denominado castração cirúrgica, é permanente e irreversível.

Um tipo de orquiectomia chamada orquiectomia subcapsular remove apenas o tecido dos testículos que produzem andrógenos, em vez de todo o testículo. Esta cirurgia tem um efeito cosmético muito bom. Muitos pacientes não percebem nada no volume dos seus “testículos. É também possível realizá-la com anestesia local e em hospital dia. Sua grande vantagem, não será necessário realizar as injeções trimestrais pelo resto da vida.

Hormonioterapia para câncer de próstata: Agonistas do hormônio liberador de hormônio luteinizante (LHRH)

Drogas chamadas agonistas do hormônio liberador de hormônio luteinizante (LHRH), que impedem a secreção de um hormônio chamado hormônio luteinizante. Os agonistas do LHRH, que às vezes são chamados de análogos do LHRH. Eles são proteínas sintéticas que são estruturalmente similares à LHRH e se ligam ao receptor da LHRH na glândula pituitária. O LHRH também é o hormônio liberador de gonadotropina ou GnRH, portanto, os agonistas de LHRH também são chamados de agonistas de GnRH.

A fisiologia dos agonistas LHRH

Normalmente, quando os níveis de andrógenos no organismo são baixos, o LHRH estimula a adenohipófise a produzir o hormônio luteinizante. Este por sua vez estimula os testículos a produzir andrógenos. Os agonistas da LHRH, como o próprio LHRH do organismo, estimulam inicialmente a produção do hormônio luteinizante. No entanto, a presença continuada de altos níveis de agonistas de LHRH realmente faz com que a adenohipófise pare de produzir o hormônio luteinizante. Assim, os testículos não são estimulados a produzir a testosterona.

Tratamento com agonista de LHRH

O tratamento com um agonista de LHRH é chamado de castração química porque usa drogas para realizar a mesma coisa que a castração cirúrgica, a orquiectomia. Mas, ao contrário da orquiectomia, os efeitos dessas drogas na produção de andrgenos são reversíveis. Uma vez interrompido o tratamento, a produção de andrôgenos geralmente se recupera.

Os agonistas de LHRH são administrados por injeção ou são implantados sob a pele. Quatro agonistas de LHRH são aprovados para tratar o câncer de próstata nos Estados Unidos e Brasil: leuprolide, goserelina, triptorelina.

Quando os pacientes recebem um agonista de LHRH pela primeira vez, eles podem experimentar um fenômeno chamado “flare de testosterona“. Este aumento temporário da testosterona ocorre porque os agonistas do LHRH causam a liberação do hormônio luteinizante antes do seu bloqueio. A exacerbação pode piorar a dor óssea, obstrução do ureter ou da uretra prostática e compressão da medula espinhal. Portanto, isto pode ser um problema a mais em homens com câncer de próstata avançado.

O aumento da testosterona geralmente se impede pela administração de outro tipo de terapia hormonal chamada terapia anti-androgênica. Usa-se com um agonista de LHRH nas primeiras semanas de tratamento.

Hormonioterapia para câncer de próstata: os antagonistas de LHRH

Drogas chamadas antagonistas de LHRH, que são outra forma de castração médica. Os antagonistas de LHRH, chamados antagonistas de GnRH impedem que o LHRH se ligue aos seus receptores na glândula pituitária. Isso evita a secreção do hormônio luteinizante, o que impede que os testículos produzam andrógenos.

Diferentemente dos agonistas de LHRH, os antagonistas de LHRH não causam uma súbita da testosterona. Um antagonista de LHRH, degarelix, está aprovado para tratar o câncer de próstata avançado nos Estados Unidos. Administrados por injeção.

Estrogênios, hormônios que promovem as características sexuais femininas. Os estrogênios são capazes de inibir a produção de andrógenos pelos testículos. Contudo, eles raramente são usados hoje no tratamento do câncer de próstata por causa de seus efeitos colaterais.

Hormonioterapia para câncer de próstata: a terapia anti-andrógena

A terapia anti-andrógena bloqueia a ação dos andrógenos no corpo. Assim, normalmente usados ​​no início do bloqueio do LHRH ou quando a terapia anti-androgênica não mais funcionar. Eles bloqueiam os receptores de testosterona nas células alvos, em órgãos específicos, sensíveis a testosterona.Tais tratamentos incluem:

Os bloqueadores dos receptores androgênicos são drogas que competem com os andrógenos pela ligação ao receptor androgênico. Assim, esses tratamentos reduzem a capacidade dos andrógenos em promover o crescimento das células do câncer de próstata.

Os bloqueadores dos receptores de andrógenos não bloqueiam a produção de andrógenos. Portanto, raramente se usam ​​sozinhos para tratar o câncer de próstata. Em vez disso, se usam ​​em combinação da orquiectomia ou do agonista de LHR. O uso do bloqueador de receptor de andrógeno com orquiectomia ou um agonista de LHRH é o bloqueio androgênico combinado. Também chamado de bloqueio androgênico completo ou bloqueio total de androgênio.
Os bloqueadores dos receptores androgênicos aprovados para o tratamento do câncer de próstata incluem flutamida, enzalutamida, apalutamida, bicalutamida e nilutamida. Eles são remédios orais.

Tratamentos que bloqueiam a produção

Os inibidores da síntese androgênica impedem a produção de androgênios pelas glândulas supra-renais, pelas células do câncer de próstata e dos testículos. A castração médica ou cirúrgica impede que as glândulas supra-renais e as células do câncer de próstata produzam andrógenos. Embora se produzam quantidades de andrôgenos pequenas, elas sustentam o crescimento de alguns tipos de câncer de próstata avançado.

Os inibidores da síntese de andrógeno reduzem os níveis de testosterona em maior intensidade do que qualquer outro tratamento conhecido. Essas drogas bloqueiam a produção de testosterona inibindo uma enzima chamada CYP17. Esta enzima, que se encontra nos testículos, adrenais e próstata. Ela é necessária para o corpo produzir testosterona a partir do colesterol.
Três inibidores da síntese de andrógenos são aprovados nos Estados Unidos: acetato de abiraterona, cetoconazol e aminoglutetimida. Todos são dados como comprimidos para serem engolidos.

Abiraterona e enzalutamida

Aprovou-se o acetato de abiraterona em combinação com prednisona para tratar câncer de próstata metastático de alto risco sensível à castração e câncer de próstata metastático resistente à castração. As drogas recentes usadas para a quase supressão total da testosterona é a abiraterona e a enzalutamida. Todavia, já se usou duas drogas para outras indicações além do câncer de próstata – cetoconazol e aminoglutetimida. Contudo, usadas off-label, sem comprovação clínica, como tratamentos de segunda linha para câncer de próstata resistente à castração.

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Referência

https://www.cancer.gov/types/prostate/prostate-hormone-therapy-fact-sheet

https://www.nccn.org/patients/guidelines/prostate/2/index.html