Pênis avermelhado ou balanite é uma ocorrência comum relatada pelos pacientes. Geralmente ocorre em adulto com vida sexual ativa. A flora bacteriana prepucial e da glande é constituída por bactérias saprófitas e portanto, não agressiva. Portanto, ajudam na homeostase local. Assim, como a vaginal. Entretanto, podem causar problemas quando ocorre lesões superficiais com ruptura das mucosas. Então, vamos entender esta inflamação tão frequente entre os homens.

Pênis avermelhado ou balanite adquirida pode ser a primeira apresentação do diabetes. O diabetes é uma doença frequente e sua apresentação inicial pode variar. Em alguns casos, diferentes tipos de infecções ou condições inflamatórias podem levar o paciente a procurar atendimento médico. Os pacientes podem se queixar da presença de uma inflamação incômoda no prepúcio e na glande.

Balanite e Diabetes

A balanite pode ser a primeira apresentação de diabetes mellitus não diagnosticada anteriormente. Além disso, pode ocorrer em estados clínicos de doenças causadoras de imunossupressão, como HIV e câncer. Mais ainda, outras doenças podem indicar condições pré-malignas como a eritroplasia de Queyrat, doença de Bowen e papulose bowenóide que exibem características específicas destas condições.

Algumas vezes, o excesso de higiene local, com produtos bactericidas pode ser a causa das balanopostites de repetição. Existem bactérias próprias do prepúcio e sua erradicação pode desequilibrar o meio e facilitar as infecções locais e inflamações recorrentes. A higiene local deve ser feita no banho com sabonetes comuns, sem substâncias ativas contra bactérias. Assim, todo excesso de limpeza prejudica a pele, com suas possíveis complicações locais.

O que é balanite?

A balanite (inflamação das glande do pênis) ou balanopostite (inflamação do prepúcio e da glande) é decorrente de inúmeras causas. O paciente pode se sentir tão molestado que procura atendimento médico para sua resolução. A má higiene local, o acúmulo de urina e com consequente crescimento bacteriano pode causar o início da inflamação local.

A lesão prepucial pode causar:

As lesões podem causar pequenas úlceras raras ou epitélio descamativo. Além disso, o cheiro forte ao expor a glande pode ser a principal queixa, com ou sem exsudado purulento. Nestas condições há infecção bacteriana associada. O edema pode ser progressivo causando consequências irreversíveis. A sua morbidade, ou seja, pode ser a causa do aparecimento da fimose por gerar fibrose em anel e consequentemente, estreitamento do prepúcio. Assim, impede a exposição da glande para promover sua higiene local. Portanto, o tratamento deve ser imediato.

Evolução para fimose

A combinação de inflamação e o edema podem resultar em aderências, com aderências do prepúcio na glande. Assim, inflamação persistente pode resultar em cicatrizes do prepúcio. Se for intensa pode inclusive impedir a exposição da glande. Chama-se fimose. Esta complicação se resolve pela circuncisão (remoção da pele que anela a glande e impede sua exposição). Contudo, algumas vezes, a causa da balanite pode estar associada a presença de doenças sexualmente transmissíveis (DST) como:

Além disso, a balanite xerótica obliterante ou líquen escleroso peniano, é uma dermatose inflamatória esclerosante progressiva da glande e do prepúcio. Esta doença causa o branqueamento por fibrose da glande, inclusive causando estreitamento do meato uretral (estenose). A obstrução crônica urinária pode danificar a bexiga e até mesmo, em casos mais avançados os rins.

O que é diabetes mellitus?

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta das ilhotas de Langhans. A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser aproveitada para as diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia. A DM tipo 1 é congênita, nasce com a criança e a DM do tipo 2, que ocorre em 90% dos casos, é a do adulto e geralmente acontece após os 50 anos de vida.

Sintomas do diabetes

O quadro clínico é de início relativamente rápido, alguns dias até poucos meses.

Os principais sintomas são: os três primeiros são chamados de síndrome dos polis e remetem o médico a pensar no diagnóstico de diabetes.

Se o tratamento não for realizado rapidamente, os sintomas podem evoluir para desidratação severa, sonolência, vômitos, dificuldades respiratórias e coma. Esse quadro grave é a cetoacidose diabética e pode causar a morte. Obrigatoriamente, exige internação imediata para tratamento medicamentoso.

A síndrome metabólica

Doenças relacionadas à síndrome metabólica (SM) são:

Ela está associada a um risco aumentado de doença cardíaca e vascular e Diabetes Mellitus (DM) do tipo 2. A obesidade induz inflamação sistêmica crônica e aumenta o risco para o desenvolvimento de DM do tipo 2. Portanto, as doenças relacionadas à SM também estão envolvidas na incidência do DM tipo 2 e direta ou indiretamente associadas à balanopostite. Estima-se que ela ocorra em 12% dos diabéticos.

Além da balanite, o DM do tipo 2 está relacionada à alta ocorrência de outras infecções. A glicose sanguínea mal controlada está associada à proliferação de fungos, Candida, abaixo do prepúcio, o que pode levar à balanite. Alguns estudos revelaram que o DM do tipo 2 é um fator de risco para balanite ou progressivo para fimose.

Diabetes e balanite

Doenças como o diabetes não controlado têm sido associadas à balanite. Estima-se que isso

Pênis avermelhado é um dos sintomas da Balanite
Pênis avermelhado é um dos sintomas da Balanite

ocorra em 10% dos casos de balanopostite. É mandatório a realização de exames de sangue, dosagem da glicemia e da hemoglobina glicada para seu diagnóstico. Portanto, em casos com maior severidade pode-se inclusive constatar presença de glicose na urina (glicosúria).

A causa aparente é decorrente do acúmulo do açúcar que uma vez degradado em seus produtos finais causa a lesão no tecido de reparação local. Isso causa efeitos deletérios, como maior comprometimento e alteração das propriedades biomecânicas da pele, como a elasticidade e hidratação.

Além disso, há perda de lipídios superficiais da pele devido ao comprometimento da função das glândulas sebáceas e uma tendência de redução da hidratação no estrato córneo da epiderme. A secura local da pele favorece sua perda de elasticidade e diminuição da espessura da pele e mucosa, favorecendo sua ruptura durante o coito. Esta é a principal causa das fissuras verticais no prepúcio. Mais ainda, pode piorar a fibrose local por repetição, que pode culminar com o aparecimento da fimose.

A fimose do adulto

A fimose pode ocorrer em homens com idade avançada. Na maioria dos diabéticos, a cirurgia pode evitar a balanopostite de repetição. Entretanto, o melhor dos tratamentos é o controle adequado medicamentoso do diabetes. Além disso, a estagnação do esmegma, infecção crônica e a presença do vírus do HPV estão relacionados a gênese do câncer de pênis.

Tratamento das balanites

O tratamento vai ser de acordo com a sua causa. O diagnóstico é fundamental para sua resolução. Condutas como promoção da higiene local, uso de sabonete neutro (evitar sabonetes e cremes com substâncias antissépticas), hidratação da pele, uso local de antibióticos específicos e/ou antifúngicos e em alguns casos uso de creme com vitaminas locais e/ou oral (ação sistêmica).

Os homens que tendem a desenvolver balanite após o sexo devem lavar o pênis depois da atividade sexual. Além disso, deve secar o prepúcio e glande antes deste ser coberto pelo prepúcio. Além disso, deve-se remover todos os irritantes químicos de uso local ou das mãos antes de manipular a genitália. As vezes, a irritação pode ocorrer por contato de substâncias químicas que são usados no preservativo e mesmo a própria alergia ao látex da camisinha.

Uso de remédios

Deve-se sempre evitar uso de remédios com múltiplos mecanismos de ação. Raramente está indicado o uso de corticóides locais, pois pode inclusive agravar o quadro local. Em princípio, o corticóide melhora a inflamação, mas ele deixa a mucosa mais fina e desprotegida das suas defesas locais. O corticóide só deve ser usado em doenças com fundo alérgico e/ou alguns processos dermatológicos crônicos (atopia, eczema). Além disso, doenças raras como a psoríase e o líquen plano podem causar balanopostite.

Balanite em paciente diabético

A presença do açúcar na urina, glicose, cria um ambiente local para proliferação de levedura e/ou bactérias para crescer. A glicose passa a ser um meio de cultura e a sua proliferação acaba por danificar os tecidos do prepúcio e glande. Certifique-se de manter seu pênis limpo depois de usar o banheiro. Quando ocorrer associação com fungo, o parceiro deve ser tratado e por um período a relação sexual dever ser feita com proteção (camisinha) até a normalidade biológica do casal. As vezes, pode ocorrer infecção bacteriana e pode-se inclusive ser necessário antibiótico sistêmico, como a causada por bactérias gram negativas (intestinais).

Pacientes com um tipo de artrite conhecida como artrite reativa ou síndrome de Reiter, que também pode afetar as articulações e os olhos, podem evoluir com balanite de repetição.

Fimose e a Postectomia

Caso com fimose devem ser submetidos a postectomia ou circuncisão. Mais ainda, os pacientes com fimose e balanites devem ser operados. Além disso, a postectomia pode proteger de algumas doenças sexualmente transmissíveis (DST). Isso ocorre ao longo do tempo, pois a mucosa do prepúcio e da glande vão se tornando mais resistentes, ou seja ficando mais parecidas com a pele. Esta condição tecidual histopatológica é chamada de metaplasia. Uma cirurgia bem feita pode resolver a balanopostites de repetição. Cuidados locais no pós-operatório fazem a diferença para o bom resultado cosmético e funcional. Saiba sobre a importância do freio peniano.

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Referências

http://www.auanet.org/guidelines/circumcision

https://www.drfranciscofonseca.com.br//urologia-infantil/fimose-na-infancia/